Era uma vez...Alice!

A vida mudou...estava toda colorida em cores vibrantes, ela só sentia no peito um bem-estar que lhe tomava a alma. Acordava todos os dias pronta prá desfrutar de todas as maravilhas que ela previamente já sabia que iam acontecer...não por uso de mágica, mas pela rotina que se seguia.
Ela já não estranhava como no começo...desta vez sabia que era verdade, e aquele sentimento de que "amanhã tudo volta ao normal e as coisas pioram" não existia mais.
Adotou como codinome Alice, seu país era invadido todo dia por borboletas coloridas que traziam notícias boas e havia um beija-flor que nunca a esquecia.
Não tinha hora marcada e por isso mesmo lhe causava surpresa...e junto com ela um leve arrepio que passeava pelo corpo todo. O beija-flor ensinava todo dia uma coisa nova e fazia tudo de maneira apaixonante...à trazia a doçura das palavras, a intensidade dos gestos, a pureza da música e a indecência dos prazeres.
Ela cresceu...se tornou grande por dentro, embora que por fora não chamasse tanta atenção.
Dias passaram e Alice não cabia em si de tanta felicidade e exuberação diante da nova vida...ela comtemplava arco-íris, parava prá ver a chuva, a lua, tudo fazia Alice perceber o quão o beija-flor tinha a tornado melhor...ele havia apresentado um mundo que nunca antes alguém tinha lhe contado que existia.
Certo dia, o beija-flor veio à Alice numa noite fria...ele nunca havia escolhido tal hora e nem paisagem. O céu estava carregado como se quisesse assombrar com o peso das nuvens...e o vento assobiava causando arrepios não tão agradáveis.
O beija-flor desta vez foi rude...a explicou sobre outros mensageiros que voam...lhe contou do espanto que os morcegos causam no coração e do quanto eles podem sujar qualquer fresta. Alice apenas ouvia, tentando lembrar se já conhecia os morcegos...para ela aquilo tudo lhe soava conhecido. Ela adormeceu e não viu quando o querido amigo se foi, deixando sem que ela percebesse um embrulho em sua cama
Alice teve uma noite cheia de pesadelos...ela se movia tentando acrodar e se livrar de tal pensamento, mas sempre voltava a entrar num outro sonho perturbador.
O sol levantou e obrigou Alice a fazê-lo também...
Ela acordou meio zonza, confusa em relação às lembranças da noite anterior...os gritos do marido violento já ecoavam pela casa.
Se trancou no banheiro afim de fugir das agressões matinais que todos os dias a perseguiam, sentou no vaso e pensou...forçou a memória querendo lembrar de tudo...tinha tido lindos sonhos...haviam borboletas e um beija-flor...
Ela aos poucos recuperava as lembranças e se entristecia ao ver que tudo havia acabado. O marido desistiu dela após vários chutes e socos carregados de palavrões á porta do banheiro e saiu.
Se sentiu segura...voltou prá cama...e achou uma carta.
Nela se contava coisas lindas, coisas que ela associava aos sonhos...
Por fim havia um p.s
P.S: Eu quis escrever caso voçê não se lembrasse ao voltar, Alice a vida pode ser um país de maravilhas. Lembre-se disso...Ass:"beija-flor"
Ela agora percebera o quanto o sonho havia sido real...eram todos os seus sonhos se realizando...as maravilhas...as suas amigas e familiares que sempre lhe traziam boas notícias...tudo era o que ela sempre quis e procurou na realidade.
O mundo podia ser maravilhoso sem a presença de morcegos. Ela se armou com veneno...mas não encontrou nenhum morcego enquanto saía de casa.
Decidiu virar Alice...e nenhum outro bicho à faria desistir de viver como tal...
Pois ela havia conseguido no sonho algo mais importante...
Ela havia conseguido perceber que as únicas coisas que fazem mal são as coisas que estão dentro de nosso coração.
E o coração dela estava repleto...de boas coisas!!!!